A história da Arca de Noé é, sem dúvida, uma das narrativas mais fascinantes e debatidas da Bíblia. Ela não apenas fala sobre um dilúvio que cobriu a Terra, mas também sobre a salvação de toda a vida animal e da família de Noé. E a pergunta que sempre surge é: quantos animais Noé colocou na arca?

A resposta, embora pareça simples, carrega detalhes que são essenciais para entender a profundidade do relato bíblico e a sua mensagem.

Para compreendermos a quantidade exata de animais, precisamos ir diretamente à fonte: o livro de Gênesis. Nele, Deus instrui Noé de forma bem específica. A instrução não era a mesma para todos os tipos de animais. Existia uma distinção crucial entre animais “puros” e “impuros”, o que determinava quantos animais Noé colocou na arca de cada espécie.

Noé colocou na arca

A instrução de Deus: a diferença entre puros e impuros

Deus, em Gênesis 7:2-3, é muito claro em suas ordens. Para os animais puros, Noé deveria levar sete pares de cada espécie — ou seja, sete machos e sete fêmeas. Para os animais impuros, a ordem era levar apenas um par, um macho e uma fêmea.

Mas o que define um animal “puro” e um “impuro” na Bíblia? Essa distinção está relacionada a leis alimentares e de sacrifício. Os animais considerados “puros” eram aqueles que poderiam ser comidos ou usados em rituais de sacrifício, como bois, ovelhas e cabras.

Os “impuros” eram aqueles proibidos para consumo. Essa diferenciação era fundamental para a vida do povo de Israel.

As aves também recebem uma instrução especial, sendo levadas em sete pares, assim como os animais puros. É importante notar que essa distinção tinha um propósito.

Os animais puros, levados em maior quantidade, seriam usados por Noé para oferecer sacrifícios a Deus após o dilúvio, como um ato de gratidão. Além disso, serviriam de alimento para a família de Noé e para a futura população da Terra.

A logística da Arca: um desafio colossal

A questão de quantos animais Noé colocou na arca não é apenas sobre números, mas sobre a grandiosidade do projeto.

A Bíblia descreve a Arca como uma construção monumental: 300 côvados de comprimento (cerca de 137 metros), 50 côvados de largura (cerca de 23 metros) e 30 côvados de altura (cerca de 14 metros). Para se ter uma ideia, essa dimensão é comparável a um navio de grande porte dos dias atuais.

Considerando que a Arca tinha três andares, o espaço era imenso. Apesar de a Bíblia não especificar o número total de espécies, alguns estudiosos estimam que a diversidade animal era menor do que se imagina hoje, já que o conceito de “espécie” na época poderia ser diferente.

A ideia seria levar um “tipo” de animal, de onde todas as variedades modernas, como diferentes raças de cães, se originariam. Por exemplo, em vez de levar um par de cada raça de cão, Noé teria levado um único casal de “canídeos”, que então daria origem a toda a diversidade de cães e lobos que conhecemos hoje.

Essa interpretação da Bíblia, conhecida como Baraminologia, sugere que os “tipos” de animais originais seriam um grupo de organismos que têm um ancestral comum e podem se reproduzir entre si. Essa teoria ajuda a resolver o dilema de como a Arca poderia ter acomodado a vastidão de espécies que existem hoje.

O propósito por trás do número

A pergunta “quantos animais Noé colocou na arca” nos leva a refletir sobre o propósito divino. Deus não estava apenas salvando a vida, mas garantindo a continuidade da criação de forma organizada.

A Arca não era um zoológico improvisado, mas um refúgio planejado, onde cada animal tinha seu lugar e sua função na renovação da vida na Terra.

A distinção entre puros e impuros também nos fala sobre o relacionamento de Deus com a humanidade. A instrução para levar mais animais puros demonstra a importância do sacrifício e da gratidão na vida de Noé.

O primeiro ato de Noé ao sair da Arca foi construir um altar e oferecer sacrifícios a Deus, cumprindo a missão que lhe foi dada.

A história da Arca é, portanto, muito mais do que um conto sobre um dilúvio. É uma narrativa de fé, obediência e recomeço.

Para saber mais sobre como a Bíblia é interpretada por diferentes religiões, você pode conferir as pesquisas e estudos da Sociedade Brasileira de Teologia e Ciências da Religião.

O impacto da Arca na cultura e na ciência

A lenda da Arca de Noé transcendeu a religião e se tornou um tema de debate em diversas áreas, incluindo a arqueologia e a geologia.

Embora a ciência moderna não encontre evidências de um dilúvio global que cubra todo o planeta, muitos geólogos e historiadores discutem a possibilidade de grandes inundações locais em tempos antigos, que podem ter inspirado a narrativa.

A história serve como um poderoso lembrete da importância da preservação da vida e da nossa responsabilidade como guardiões da Terra. Em um mundo onde a biodiversidade está ameaçada, a lição de Noé ressoa com urgência.

A história nos convida a refletir sobre a importância de cada ser vivo, independentemente de ser “puro” ou “impuro” aos nossos olhos. A vida, em toda a sua complexidade e diversidade, é um dom precioso que deve ser protegido.

Assim, a resposta para quantos animais Noé colocou na arca é uma lição de detalhe e propósito. A Bíblia não dá um número total, mas sim um critério. Para os animais puros, foram sete pares; para os impuros, um par; e para as aves, sete pares.

Este critério mostra um plano maior, que não visava apenas a sobrevivência, mas a restauração da vida e a continuidade do ciclo natural de forma a honrar a Deus.

Para se aprofundar em outras narrativas bíblicas fascinantes, leia o artigo sobre A Torre de Babel: História e Simbolismo, disponível aqui em nosso blog.

A história da Arca, com suas complexas instruções, nos lembra que a obediência e a fé são essenciais para superar grandes desafios. O dilúvio foi um evento de proporções épicas, mas a fé de Noé e sua família permitiu que a vida continuasse.

A Arca de Noé se tornou um símbolo de esperança e renovação, lembrando-nos que mesmo nos momentos mais sombrios, a vida sempre encontra um caminho para florescer.

O cuidado de Noé com os animais, seguindo à risca as instruções divinas, é um exemplo de dedicação e responsabilidade que continua a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente de sua crença.